sábado, 30 de maio de 2009

Um amor desequilibrado.




Morro de amores por aquela equilibrista, não perco se quer uma sessão de domingo. Sou o primeiro a chegar na porta do circo, já conheço todos os ambulantes que rodeiam o mais belo dos belos cenários da arte popular. Sou até amigo do leão, sei que sou, mas, não sei se ele sabe. Gosto de pipocas com manteiga e leite condensado, gosto também de limpar os dedos na camisa e na tábua que sustenta o picadeiro. Na verdade a unica coisa que não gosto é quando Juca Leitão, o apresentador, deseja a todos um ótimo início de semana. É triste, muito triste, sei que não vou consegui aguentar mais aquela rotina longe de meu bem, longe do seu sorriso, das suas pernas super torneadas e dos equilíbrios.


Vivo desequilibrado, entre a bebida e o amor, tento a todo instante vencer o vício, ele é muito forte, ele me corta com gilete cega e me tempera com sal grosso. Dói meu amor, dói muito, me ajude pelo amor de Deus, não sei mais o que faço, estou cedendo o meu espírito para o Demônio, meu Deus me ajude...


Sou feliz quando tenho sorte em sonhar com vc, na maioria das vezes sonhar não foi mais possível, pois não conseguia se quer dormi, a bebida é uma desgraça. Amanha tem circo, não vou beber, vou usar calça tergal e colocar minha melhor colônia para te ver. A sua imagem me equilibra, me põe em paralelo com Ícaro, sou eu Antonio Jose Silva o eterno apaixonado pela equilibrista do circo Las Pumpas.

domingo, 24 de maio de 2009

OUVIR HERMETO ME LEVA À MARTE .



Esperei a todo custo que aquele bendito telefone tocasse, queria mesmo falar, estava angustiado com toda aquela situação, e a única coisa que poderia me tirar daquilo seria esse tal telefonema. Estiquei o braço para que o ônibus parasse, a chuva caia intensamente e o abrigo ficava cada vez menor com o número de trabalhadores que iam chegando. Atento cada vez mais ao grande companheiro de ponteiros, marcava 4:36 da manhã. E nada, nada de telefone, nada de trim-trim, nada x nada. Não podia imaginar que o dia guardava aquela surpresa, estava muito puto, muito puto,muito...

Um bom dia muito frio ao cobrador e chateado sento perto do motorista. Numa mão um guarda chuva e na outra um aparelho celular, junto com uma mochila de comerciais de casa de construção. Encosto minha cabeça no vidro e tento a todo custo esquecer os problemas e pensar na possibilidade de tudo acabar certo. Nesse instante, as imagens do lado de fora vão dando formas, a chuva lubrifica o asfalto o vento assanha os coqueiros e a escuridão vai seindo de fininho dando espaço ao tímido dia. As trocas de macha do ônibus era o fundo musical de um curta, com o nome de OUVIR HERMETO ME LEVA A MARTE.

Próximo ponto eu fico motorista, indaguei. Ainda chovendo, corro para me proteger, tomar chuva fica resfriado , disse minha mãe. Telefone toca, recebo um simples OK. Pronto, o dia parou de chover, o sol sai entusiasmado e o vento sopra para os velejadores.