domingo, 24 de maio de 2009

OUVIR HERMETO ME LEVA À MARTE .



Esperei a todo custo que aquele bendito telefone tocasse, queria mesmo falar, estava angustiado com toda aquela situação, e a única coisa que poderia me tirar daquilo seria esse tal telefonema. Estiquei o braço para que o ônibus parasse, a chuva caia intensamente e o abrigo ficava cada vez menor com o número de trabalhadores que iam chegando. Atento cada vez mais ao grande companheiro de ponteiros, marcava 4:36 da manhã. E nada, nada de telefone, nada de trim-trim, nada x nada. Não podia imaginar que o dia guardava aquela surpresa, estava muito puto, muito puto,muito...

Um bom dia muito frio ao cobrador e chateado sento perto do motorista. Numa mão um guarda chuva e na outra um aparelho celular, junto com uma mochila de comerciais de casa de construção. Encosto minha cabeça no vidro e tento a todo custo esquecer os problemas e pensar na possibilidade de tudo acabar certo. Nesse instante, as imagens do lado de fora vão dando formas, a chuva lubrifica o asfalto o vento assanha os coqueiros e a escuridão vai seindo de fininho dando espaço ao tímido dia. As trocas de macha do ônibus era o fundo musical de um curta, com o nome de OUVIR HERMETO ME LEVA A MARTE.

Próximo ponto eu fico motorista, indaguei. Ainda chovendo, corro para me proteger, tomar chuva fica resfriado , disse minha mãe. Telefone toca, recebo um simples OK. Pronto, o dia parou de chover, o sol sai entusiasmado e o vento sopra para os velejadores.