segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A menina do ascensor


Já estava quase na hora, precisava a qualquer custo pegar aquele elevador. Chamava desesperado, batia várias vezes no botão de chamada, até parecia que ele viria mais rápido. Andava para um lado e para o outro. Sempre de cabeça baixa, e com a chave da moto na mão esquerda rodando sem parar entre os dedos. Olhava o relógio a todo instante, e conferia em mente se estava tudo ok.
Percebendo a chegada do ascensor dou o último retoque na camisa gola pólo. Puxo agressivo a porta, e deparo com uma lotação de estudantes mirins. Dou um singelo bom dia, e ouço como resposta várias vozes infantis de sono. Uns com cara sonolenta, outros conversando sobre a prova, e eu atento as portinhas que passavam em degrau e degrau.
Chegando ao ponto final, percebi que a molecada se preparava para sair bem rápido, pois o transporte já estava na garagem à espera. Abrir a porta e saltei um degrauzinho, não demorou muito e fui atropelado pelos guris, muito engraçado. “sentado na frente, pedi primeiro!”- disse um deles.
Mas no meio daquela turma toda, tinha uma moça que pouco chamou atenção. Só percebi a sua presença, porque ela pedia calma o tempo todo para garotada.
Ao voltar para casa, já bem mais calmo e tranqüilo espero o elevador sem esmurrar o botão. Dou apenas um toque e aguardo a sua chegada. Ao abrir a porta dou de cara com a mesma senhorita da manhã, dou um belo de uma boa noite e sou correspondido.
Uma pausa dramática rola durante alguns segundos, deu apenas tempo para perguntar sobre a criançada, ela respondeu que aquilo acontecia todos os dias de aula. Quando o papo começa a fluir, sou interrompido por o breque do ascensor, tinha chegado ao meu andar. Dou um tchau bem tímido, confiante em encontra um dia, que não seja no elevador nem com aquela criançada toda.