domingo, 21 de junho de 2009

A radiola de Damasceno



Na radiola girava em rotação 45 Tábua de Esmeralda, Jorge Bem. E pronto pra ser tocado, preso ao pino central do toca disco Circus, Rolling Stones 1968. Em cima da mesa 2 pães de sal, um quente frio azul, uma xícara de café tipo duralex e um março de cigarro. E no canto da cozinha, perto da fruteira que naquele momento tinha apenas uma banana preta sendo devorada pelos mosquitos cú-de-cahorro, o plástico incolor, que vestia os vinis antes de colocar na capa principal.
Era um domingo que na verdade parecia uma segunda, o tempo não ajudava, muita chuva e o sol escabreado não dava trela aos amantes do primeiro dia da semana. Esbarravam aos vidros das janelas e escorregavam tipo tobogã as gotas d´agua emitida por Deus, ao mesmo tempo fazia fundo com o som que rolava na velha e amiga vitrola. O telefone, o telefone só do vizinho que na verdade era um velhinha de 78 anos que pra fazer uma ligação tinha que embolsá-la 8 cruzeiros, velhinha escrota ! Sandália de dedo já nas últimas, bermuda jeans US TOP e uma camisa preta bem gasta do Kiss, assim era Damasceno, o das antigas.
Depois de 2 horas esperando chegam os amigos do Dama, como era conhecido. Traziam cervejas, cervejas, cigarros, cigarros e mais cervejas e cigarros. Muito som, regado a álcool, fumaças e papos sobre putas. Assim era a vida de Damasceno Constantino Santos Neto.


Radiola modelo 1506 V, ano 1950 , Sweden (http://www.johansoldradios.se/radiograms/radiola-1506-v )