quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Quase um punk


Com quatro pedras na mão ele atirou no carro da polícia, não deu nem tempo do meganha se esquivar , foi direto em sua cabeça. O capacete se tornou um anjo protetor, coibindo o peso e a velocidade daquele pedregulho. Mesmo assim, a sua cabeça foi levada para trás em frações de segundo, rodopiando e levando ao chão. O tumulto estava montado, pedras, coquitel molotov, bomba de gás lacrimogênio e muito sangue...
Sua camisa preta com o símbolo anarquia na frente, golas e mangas amputadas, coturno velho e descascado, cabelo moicano, e um jeans rasgado anos 80, talvez um Lee, não tenho certeza. Ideais, atitude e muita energia no corpo daquele garoto que aparentava ter seus 19 anos.
Quando criança era o queridinho da família, filho único e pais ricos. Avô milionário, onde todo final de semana o levava para as rinhas par vida apostar nas brigas de galo, quando não ia apostar nos “jokers”da vida.
Davi Macumba, como era conhecido pelos punks da região só queria ser feliz e mais nada. Quando perguntaram a ele qual era o seu sonho, ele foi categório, respondendo: Só quem sonha é quem dorme, e ainda estou acordado .
O batalhão da cavalaria partiu para cima dos operários, e Davi foi o primeiro a receber toda a pancada dos quadrúpedes , lançando o seu corpo ao chão, onde sua cabeça foi de encontro ao paralelepípedo partindo e vazando muito sangue. Foi uma só, para que o pequeno Davi não abrisse mais os olhos... a pancadaria ainda firme e forte continuava.
Mais tarde no noticiário das 8, estava lá sua foto estampada atrás do apresentador. “Morre filho de empresário...”