quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Lambida de cão cicatriza ferida.

... de quem é esse transporte de pulga, esse vira-lata, essa merda cotó? Eu não agüento mais, toda vez que passo por aqui correndo, vem esse filho da puta e corre atrás de mim. E dessa vez ele conseguiu, mordeu bem no meio da minha canela. Eu vou matar essa peste – retrucou indignado o rapaz desconhecido, com uma das pernas em sangue vivo.
Meio acanhado e morrendo de raiva do cachorro, o dono que era um borracheiro, grita com o bichinho, com um tom de voz que era inconfundível para um homem que estava em apuros. Pediu desculpas ao moço e se identificou como o titular do cão.
O rapaz com uma cara de dor passava a mão perto do local da mordida e pedia que o dono tomasse uma providência. Sem falar muito, o borracheiro arquivava em sua mente, a milésima vez que “Djou”, assim como o cão era chamado, mordeu alguém.
O quase atleta pediu gelo, o rapaz não tinha, pediu pomada, também não tinha. Pediu, pediu e pediu, ele não tinha nada, somente pneu velho, chaves de boca e um macaco. Além disso, tinha também a arcada dentária de Djou, assinada na canela de mais uma vítima.
Desesperado, o rapaz da mordida pergunta se o dog era vacinado. E o dono respondeu que não sabia, parecia que não, mas, não tinha certeza.
- Esse bicho é velho que só o diabo- disse o mecânico.
- Sim, e você não sabe se ele é vacinado ou não - cara de dor.
- Rapaz para lhe dizer a verdade, eu achei esse cão no Largo das Tripas, ali perto da rodoviária . É só isso que eu sei.
- Você que é dono, não sabe, só falta agora você me dizer que ele é de raça!
- Não faço à mínima – em um tom bem baixo.
- Porra é foda, ser mordido por um cachorro vira-lata, velho e capenga em pleno meio dia... Tomar no cú viu.
Nessa de um falar uma coisa e o outro só pela metade, o sangue na perna do valentão já estava seco. Criando uma casquinha dura enramada com os cabelos do local.
Depois de 2 horas de pura negociação, passo pelo local do acontecido. E lá na borracharia, os dois embriagados abraçados falando de cães e gatos.
E o mais interessante, “Djou” ou “Penga” o cão cotó, lambia intensamente a ferida que tinha causado na perna do cidadão. Ferida lambida por qualquer cão, cicatriza mais rápido, conselho de amigo, disse o trabalhador.

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